quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Artigo: Fatores críticos de sucesso para atuar no mercado de cargas fracionadas no Brasil



Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda.


Atuar no mercado de cargas fracionadas deixará de ser uma opção, e se transformará em uma necessidade para a maioria das Transportadoras de cargas no Brasil

Atuar em cargas fracionadas exigirá não apenas altos investimentos em infraestrutura operacional, mas também na organização e qualificação das áreas de apoio à operação, como Vendas, Financeiro que inclui custeio e formação de preços, faturamento e contas a receber, Recursos Humanos, Tecnologia, Qualidade Total, Segurança e Meio Ambiente.  Nas transportadoras de carga lotação, as despesas com as áreas de apoio representam de 5 por cento a 12 por cento da ROL - Receita Operacional Líquida, mas na carga fracionada poderão atingir até 30 por cento

Em termos de infraestrutura operacional, tratamos especialmente da malha logística, constituída dos veículos de coleta e entrega, terminais de carga,  linhas de transferências e os respectivos veículos de médio e longo curso.

Para que essa complexa engrenagem funcione adequadamente, é necessário atentar-se a alguns fatores críticos de sucesso, que poderão viabilizar ou não o negócio

Primeiro, tenha cuidado ao definir o perfil da carga transportada. Aqui vivemos um dilema, amplamente questionado pela área de Vendas. Se restringir demais, dificultará a operação em escala e inviabilizará as rotas de retorno, se deixar em aberto, cargas de diversos tipos serão misturadas, podendo comprometer o nível de serviço, custos e produtividade

Segundo, controle as avarias, furtos e extravios. Se relaxar no controle e gestão das perdas, essa conta consumirá 2 por cento a 3 por cento da sua receita líquida, além de contribuir para tornar a relação com seus Clientes cada vez mais difícil

Terceiro, tenha atenção especial à cubagem das cargas, obedecendo ao padrão de 300 kg por m³. Se puder invista em sistemas automatizados de cubagem das cargas, mas se não for possível, adote mecanismos de controle manuais, mesmo que por amostragem

Quarto, ao prospectar um novo Cliente, avalie-o sob diferentes aspectos, levando em consideração volume transportado, origem e destino das cargas cuidado com a distribuição entre cargas entregues no Interior e na Capital, tipos de veículos, canais de distribuição utilizados, prazo de pagamento, densidade da carga, sazonalidade, plano de gerenciamento de risco PGR e outros requerimentos especiais como a necessidade de devolução dos canhotos ou a digitalização dos mesmos e disponibilização via WEB

Quinto, controle os valores a serem faturados e evite perda de receita decorrente de fraudes de Clientes ou falhas internas no seu processo de faturamento. Fraudes de Clientes normalmente estão relacionadas à informação incorreta de pesos e volumes destinados a entrega. Clientes também atrasam pagamentos, aplicam multas financeiras relacionadas ao desempenho contratado, deixam de recolher taxas acessórias generalidades e praticam descontos de faturas de forma unilateral. Você tem controle sobre isso. Porém, uma parcela representativa das perdas de receitas em Transportadoras e Operadores Logísticos é decorrente de falhas de procedimentos internos ou erros existentes em todo o fluxo de faturamento

Sexto, estabeleça valores de fretes mínimos, evitando operações economicamente inviáveis

Sétimo, tenha cuidado ao elaborar a tabela de fretes, e definir as faixas de peso e distância. Não deixe de incluir as taxas ou generalidades, bem como o por cento de ad-valorem e GRIS

Oitavo, estabeleça contratos com seus Clientes, definindo claramente o escopo do serviço prestado e o direitos e deveres de cada parte

Nono, invista em tecnologia da informação. A informação é tão importante quanto o fluxo físico de materiais e ela deverá estar disponível a todo tempo, e em tempo real. A informação permitirá uma melhor gestão da infraestrutura existente e dos recursos financeiros envolvidos, bem como se tornará um importante diferencial para seus Clientes

Por fim, ao expandir o raio de atuação geográfica, seguramente você precisará contar com o apoio de parcerias operacionais locais. Tenha cuidado ao escolhê-las e ao negociar o frete pago, que poderia variar de 20 por cento a 40 por cento do frete total, apenas para a coleta ou a entrega

Trabalhando sobre esses pontos você, com certeza, minimizará diversos efeitos indesejáveis decorrentes da má gestão do transporte de cargas fracionadas. E assim evitará custos adicionais e aumentará suas possibilidades de sucesso nesse complexo negócio

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Artigo É hora de negociar e estabelecer parcerias com seus Transportadores


Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda

Não faltam motivos para o Transportador reclamar da baixa rentabilidade de seu negócio. Pedágios em excesso, restrições à circulação de veículos, penalidades financeiras impostas pelos Clientes em função do não cumprimento do nível de serviço acordado, resistência dos Embarcadores em estabelecer contratos formais e a aceitar repasses de custos, descaso das autoridades com a infraestrutura de transportes, falta de regulamentação do setor, concorrência predatória, aumento do diesel e de outros insumos produtivos, nova legislação (lei 12.619), etc.

Além desses problemas, os executivos do setor ainda precisam lidar com as dificuldades em recrutar e reter bons motoristas, agravada com a publicação da Lei 12.619, com a contínua necessidade de manterem-se atualizados tecnologicamente, com a constante pressão para a renovação da frota, com a obrigação de adequar-se às inúmeras leis e normas de trabalho, etc.

Apesar dos esforços para diferenciar-se, tudo parece caminhar para um inevitável processo de “comoditização”.

Mesmo as mais precavidas e bem gerenciadas Transportadoras e Operadores Logísticos estão sofrendo com a baixa rentabilidade do seu negócio. Como pode um setor tão estratégico para qualquer nação ser assim tão mal tratado?

A necessidade de reverter esse quadro de penúria e de dificuldades é urgente. O ano de 2012 está sendo marcado pelo ano em que as Transportadoras e os Operadores Logísticos começaram a dizer NÃO a determinados Clientes ou segmentos!

Não se trata de uma rebelião organizada e premeditada, nem da formação de cartéis, mas de uma simples questão de sobrevivência. É uma reação natural a muitos anos de descaso e de defasagem e dificuldades em repassar os aumentos de custos. A Lei 12.619 que regulamenta e disciplina a profissão de motorista está trazendo custos adicionais, que poderão impactar em acréscimos de custos significativos, de 10% a 40%, variando muito em função do histórico anterior de correção dos preços.

Estamos chegando a um perigoso “fundo do poço”, e antes que muitas empresas sejam literalmente “engolidas” pelo buraco negro, está na hora de dizer NÃO às antigas práticas de gestão e de relacionamento entre Embarcadores e Transportadoras! É hora de desenvolver parcerias de longo prazo, na modalidade ganha-ganha.

Muitas Transportadoras e Operadores Logísticos estão tentando renegociar seus atuais contratos. Se não conseguirem reajustar os preços a patamares mínimos aceitáveis, dirão NÃO aos seus Clientes. E não importará se o Cliente é fulano, sicrano ou beltrano. Dirão NÃO, OBRIGADO e ATÉ BREVE!

Muitas empresas terão que curvar-se às justas solicitações de seus parceiros logísticos ou buscarão opções mais econômicas no mercado. Será que conseguirão? Aonde buscarão essas empresas, no “fundo do poço”?

A questão não é quem vai ganhar ou perder essa “queda de braço”. A verdade é que todos perderão! Se nada for feito, assistiremos ao surgimento de um gigantesco “cemitério” formado de carcaças de caminhões que pertenceram a empresas que outrora foram consideradas modelos de gestão e de atendimento no Brasil!

Portanto, é importante que cada uma faça a sua parte. De um lado os Transportadores, identificando seus custos e as possibilidades para a sua redução; do outro os Embarcadores, com uma criteriosa análise do nível de serviço desejado e do impacto decorrente sobre os custos.  Somente a atuação conjunta e o trabalho em equipe poderá produzir resultados realmente competitivos. Mãos à obra!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Gestão de Transportes... a sua empresa realmente tem?



Artigo escrito por Marco Antonio Oliveira Neves, diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda

Há alguns anos atrás a atividade de gestão de transportes resumia-se à contratação de Transportadoras, e normalmente era realizada pelo encarregado da área de Expedição ou por algum profissional de Compras, que escolhia seus parceiros a partir de critérios superficiais, com pouco embasamento técnico e com uma visão de custos bastante restrita e nada sistêmica.

A atividade de gestão de transportes era, até então, tratada como uma atividade simples e rotineira, e de pouco impacto sobre os custos da empresa, embora as despesas com fretes já representassem algo entre 5% e 10% da receita bruta da grande maioria das empresas, exceto aquelas com produtos de alto valor agregado.

Com o passar dos anos, devido principalmente à pressão por redução de custos e pela necessidade de ampliar áreas de atendimento geográfico, muitas empresas precisaram evoluir rapidamente, deslocando a atividade de gestão de transportes para um nível muito mais tático e estratégico, sem abandonar a “veia” operacional.

O moderno conceito de gestão de transportes vai muito além da simples contratação e monitoramento das Transportadoras, e envolve temas como:
- planejamento e execução de embarques, tratando de questões como freqüência de coleta e entrega, quantidade de Transportadoras e cobertura geográfica, agendamento de docas para carga e descarga, etc.
- otimização da capacidade de transportes, atuando na definição dos modais mais adequados, o dimensionamento e na definição do perfil da frota, formas de unitização de cargas, identificação de oportunidades de sinergia com Fornecedores, Clientes ou outras empresas não pertencentes à cadeia logística, etc.
- contratação de prestadores de serviços em logística e transportes, cobrindo atividades como a manutenção de cadastros de parceiros, critérios de homologação de parceiros, elaboração e administração de contratos de prestação de serviços, realização de cotações, definição dos níveis de requerimentos de serviços (SLA – Service Level Agreement), política tarifária, etc.
- monitoramento do desempenho, incluindo os indicadores de desempenho tradicionais e a gestão de não-conformidades em transportes, que podem representar um adicional de até 15% do frete inicialmente orçado, representando despesas com re-entregas e entregas não realizadas, multas, penalidades financeiras, sobre-estadias, avarias, etc.
- desenvolvimento e implantação de programas de excelência em transportes, no qual, através de critérios diversos, é possível ranquear, comparar e premiar as empresas parceiras.
- emissão de relatórios gerenciais para a tomada de decisão
- gestão da logística global, envolvendo, por exemplo, soluções de freight forwarding, instalação de Centros de Distribuição em outros países, opção entre aduanas, etc.
- projetos em transportes, abrangendo desenvolvimento de embalagens e técnicas para a unitização de cargas, logística fiscal, terceirização logística, rede logística, benchmarking em transportes, etc.

Aquilo que era relativamente simples, passa a ser agora, amplo e complexo. Para se obter um desempenho classe mundial em transportes, as empresas precisarão atuar em todas as frentes anteriormente citadas.

Com a rápida evolução e amplitude do escopo de atuação da área, o profissional de transportes precisa buscar continuamente o seu aperfeiçoamento técnico, através de cursos e da leitura de livros. Infelizmente ainda é rara a literatura sobre transporte e poucos são aqueles que se aventuram em escrever artigos sobre o tema; o conhecimento está restrito aos profissionais que acumulam muitos anos de experiência na área e quem têm dificuldade de transformar essa bagagem prática e teórica em livros.

Além do conhecimento técnico e específico da área, é também importante estar em sintonia com a legislação em transporte, novas tecnologias e equipamentos.

E é também importante reforçar o conhecimento “periférico”, como estatística, pesquisa operacional, ferramentas do TQC e custos.