Artigo escrito por Marco
Antonio Oliveira Neves, diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em
Logística Ltda
Problemas
com a falta de espaço no seu armazém?
As
medidas paliativas como o acondicionamento de materiais em corredores e
plataformas ou a utilização de galpões em lona ou infláveis já não surtem mais
efeito?
A
estocagem externa em Operadores Logísticos, além de gerar custos adicionais,
levou a um descontrole sobre o inventário e a uma maior complexidade
operacional?
Sua
empresa já estudando a viabilidade técnico-econômico-financeira de construir um
novo Centro de Distribuição com recursos próprios ou através de investidores na
modalidade built-to-suit? Ou resolveu
partir definitivamente para a terceirização total das operações logísticas?
Bem,
não importa a solução adotada. Em todas elas você terá o mesmo problema, mais
cedo ou mais tarde, a FALTA DE ESPAÇO! Mesmo que você construa ou alugue
instalações físicas além da sua necessidade atual, em breve, muito antes do que
você imaginar, você enfrentará novamente o mesmo problema: a FALTA DE ESPAÇO!
Mas,
qual a razão disso? Na quase totalidade dos casos, quanto mais espaço você
criar, mais estoque você terá! Isso ocorre em função de um
"afrouxamento" em todos os processos relacionados a vendas e marketing, produção, compras e PCP. Na
prática, todos os departamentos envolvidos flexibilizarão suas decisões,
premissas e variáveis-chave de decisão.
A
área de produção, por exemplo, aproveitará para reavaliar os lotes mínimos de
fabricação e a necessidade de setups
em seus maquinários; o setor de Compras, por sua vez, utilizará a oportunidade
para negociar volumes adicionais com seus Fornecedores e antecipar pedidos para
aumentar seu poder negocial. Vendas, por fim, argumentará que com o espaço
excedente poderá formar uma segura e robusta política de estoques para atender seus
clientes prontamente.
Isso
tudo, aliado à maior complexidade logística em função do aumento do número de
itens comercializados, necessidade de controle por lotes, redução no tamanho
dos pedidos, atuação em novos canais de distribuição e aumento da logística
reversa, acarretará em uma verdadeira "bomba relógio" pronta para
explodir a qualquer momento, nas mãos da área de logística.
Portanto,
a solução não está na ampliação da capacidade de estocagem, mas sim na revisão
de seu processo de planejamento de vendas e operações e no redimensionamento de
sua política de estoques. Precisaremos trabalhar na eliminação dos erros e na
redução das "folgas".
Mais
radical, empresas asiáticas estão desmontando seus porta-páletes e partindo
para um processo de "desverticalização" de seus armazéns, para
justamente limitar essa "folga" existente. Desde então, estocam
apenas de forma blocada, com empilhamento máximo de dois ou três páletes. De
uma forma simples, operam em um sistema kanban:
se tiver espaço produz, se não tiver, não produz, portanto, os erros nas
previsões de vendas precisarão ser os menores possíveis.
Se
você simplesmente atender elasticamente à crescente necessidade de espaço,
apenas aumentará o tamanho do seu problema e postergará a explosão dessa
"bomba relógio". Até lá, será "acusado" pelo aumento dos
custos logísticos, pela inexistência de um plano diretor em logística e da
falta de visão estratégica, etc.
Aí
está a má notícia, não será tão fácil resolver esse problema. Você precisará
ser extremamente hábil e diplomático para envolver a área Comercial e Marketing, Produção, Compras e PCP sem
criar problemas e sem ser boicotado (ou até perder seu emprego).
Precisará
supera obstáculos culturais, desmistificar verdades internas, transpor
barreiras relacionadas a sistemas, rediscutir processos, questionar relações de
poder.
Está
pronto para essa longa e emocionante jornada? Boa sorte!